Ah, pois é…
O brasileiro, morando na Suécia, que trabalha falando em inglês.
Realmente, o inglês é o idioma que mais utilizo no meu dia a dia, uma vez que meu dia normal de trabalho é repleto de reuniões e conversas. E o sueco, bom, esse ainda não iluminou as conexões necessárias entre neurônios que me levem muito além de pedir um café, desculpas ou licença.
Escrever então este caderno em português (como eu falei ontem, leia aqui) é como me libertar da amarra de estar escrevendo para alguém para, well… simplesmente escrever.
Mas a questão da escrita em português, eu diria, é mais belamente desabafo solto e fluido mesmo. Pela tranquilidade em brincar com palavras e expressões, de dançar sem ansiedade entre adjetivos, de pular entre regionalismos e referências atuais, de deixar apenas a ideia fluir para a escrita.
Se eu escrevesse o mesmo parágrafo em inglês, provavelmente conseguiria passar a mesma ideia. No entanto, as expressões seriam mais simplistas e sem a verdadeira emoção do que pensei antes de escrever.
Aliás, filtros são filtros. Temos apenas um lugar sem filtros, o qual é o nosso cérebro. Lá, pensamentos terríveis ou lindos fluem sem qualquer preocupação, afinal, estão escondidos em nossas mentes privadas (até então, pelo menos, 2024).
Depois vem o primeiro grande filtro, a expressão do pensamento. Seja em palavras faladas ou escritas, é um filtro enorme. Apenas cerca de 2% do que pensamos consegue passar, e olhe lá.
Mas aí, para quem aprendeu outro idioma na fase adulta, há ainda um segundo grande filtro: expressar aqueles 2% que passaram pelo primeiro filtro em outro idioma.
Tem ainda o terceiro filtro, do politicamente corr…. Ah, deixa para lá. Não gastarei tinta da máquina de escrever nisso.
Melhorei (e sigo melhorando) muito a minha escrita e minha forma de expressar ideias em inglês. Na verdade, mais do que isso.
Alguns meses atrás dei uma palestra online para uma turma de uma universidade gaúcha, falando sobre estratégia, e percebi que não conseguia recapitular em minha mente a palavra necessária… em português. O inglês, naquele compartimento/assunto, havia tomado conta totalmente.
Provavelmente resultado de ter lido tantos livros (em inglês) e estudado tanto o assunto. Faz sentido.
Tem gente que não sabe, mas realmente escrever é uma paixão que eu tenho. Uma paixão que já rendeu algum dinheiro, amigos, oportunidades, convites. Até me ajudou a organizar a minha festa de casamento.
E eu comecei meu primeiro blog quando tinha uns 13 anos. Escrevia sobre tecnologia e sobre o que estava estudando sobre isso. Depois acabei vendendo todo o conteúdo desse blog, para um site grande de tecnologia no Brasil.
Posteriormente, criei outros blogs, cheguei a ter mais de 100 colunistas escrevendo junto comigo em um deles.
Quando estava juntando grana para casar, cheguei a vender artigos para revistas e sites por um preço bem interessante. Produzia um artigo por dia (sabe-se lá a que hora do dia) e enviava. Depois só esperava a revisão, a aprovação, e o depósito bancário.
Deu certo. Talvez alguém lendo este artigo estava naquela festa aonde, parte dela, foi paga com letras e parágrafos.
Mas essa não foi minha melhor época na relação entre paixão e alegria pelo ato de escrever. Sempre quis ser pago para dar minha opinião. Mas não para fazer disso uma obrigação ao mesmo tempo. Bem, isso já faz tempo.
Porque depois fui colocando foco no lugar certo. Deixei os meus mais de 300 artigos publicados em português em diversos sites, revistas, jornais, etc. e passei a me dedicar a escrever conteúdo em inglês, sempre alinhado com o foco e os movimentos da minha carreira. E fui criando uma “marca” para mim ao mesmo tempo, ao redor de tópicos como gestão, carreira, negócios, produtividade, organização pessoal, entre outros.
Digo tranquilamente que essa decisão foi ótima, e vai muito bem, obrigado. Amo escrever no williammeller.com e tenho um retorno bem legal disso, conheço novas pessoas, além de sempre aprender muito.
Mas dito isso, esse caderno em português será assim porque quero falar um pouco de maneira livre. Sem nem me preocupar se teve 10 visualizações, 7.458 ou 1 milhão. Sem me preocupar em colocar mais um filtro ou sem nem me preocupar sobre a linha editorial e o plano de publicações. Só escrever.
Deixar fluir, deixa…
E se quiser acompanhar, te inscreve aí.